O ser humano é considerado como animal racional, ou seja, movido pela razão e não por meros instintos, capaz de pensar, agir, analisar, escolher, conforme preceitos apresentados e cultivados por ele ao longo de suas experiências de vida. Desta forma, construímos nossas ideias e, através das várias formas de comunicação que temos acesso, difundimos nossas opiniões. Interessante analisar como é prático difundir, em nosso dias, aquilo que pensamos utilizando as ferramentas da internet como blog, msn, orkut e o famoso twiter, onde aqueles que aceitam as opiniões de pessoas que julgam influentes para si, torna-se seguidor de opiniões; todos sentem-se livres para falar o que quiserem.
Desde os tempos mais remotos se fala sobre esta forma de poder que o homem adquiriu: a liberdade. Um exemplo disso é o discurso da Bíblia, um livro milenar analisado de forma histórica e religiosa, que confere a um ser superior – neste caso Deus – a responsabilidade de entregar ao homem o livre arbítrio, ou seja, relações religiosas são pautadas em conceito de liberdade do homem; outro exemplo – o qual também já vem sendo teoricizado há muitos anos, desde os filósofos da antiguidade e que inclusive possui maior aceitação em nossa era moderna – é o de que a liberdade do homem se dá mediante os conhecimentos adquiridos através dos estudos da ciência e da razão, visto que o conhecimento válido hoje é o cientificamente comprovado.
A busca por uma forma de explicar todos os fenômenos humanos, as teorias que surgem ao longo das décadas, desde Platão até os internautas, nada mais são do que uma forma de expressar, verbalizar e propagar formas de pensar, verdades pessoais que se tornam comuns ou não, dependendo da aceitação dos receptores. O mundo não é feito de grandes teóricos, mas são suas teorias que interligam a sociedade; nós, como seres ativos e pensantes, apoiarmos e seguirmos inúmeros conceitos propostos e, automaticamente, auxiliamos para que estes se solidifiquem.
No entanto, nem sempre foi assim. Houve uma época em que ideologias eram impostas, e a liberdade era pra privilégio de poucos. Tempos em que os chamados “rebeldes”, devido a insubmissão e desobediência, eram sujeitos à severas punições mediante o não cumprimento de algumas regras; e isso não remete a um passado muito distante e longínquo, ainda existem países em regimes autoritários onde está explícita a posição dos líderes em não aceitar nenhuma forma de contradição ou para a dissidência. O caso da escravidão pode ser perfeitamente enquadrado nesta discussão, pois trata de indivíduos arrancados de seu meio para um outro onde passaram a ser considerados como animais sem alma e, portanto, sem valor. Nestas circunstâncias, certamente existam pessoas com opiniões contrárias às apresentadas por quem detém o poder, porém tornar público seus pensamentos implica em arriscar, inclusive, a própria vida.
Consideramos que um país livre e democrático garanta aos seus cidadãos o direito à liberdade de expressão e a tomada de decisões sem forma alguma de imposição. Atualmente, após um passado cruel e vergonhoso, a República Federativa do Brasil tem, em sua política organizacional, leis que asseguram aos brasileiros esta liberdade de escolha, o que nos permite optar pelo partido que queiramos apoiar, o time que queiramos torcer, as ideologias e filosofias que defenderemos. Porém, é hipocrisia dizer “eu faço o que quiser porque sou livre e dono do meu próprio nariz”, pois até mesmo quem atenta contra a própria vida e não conseguem concluir um suicídio, está sujeito a responder por seu crime, então não somos donos verdadeiramente nem de nós mesmos, pensando por este ângulo.
Segundo POYARES (1974), nossa liberdade é limitada a uma série de elementos que determinam até onde podemos ir, um conjunto de leis éticas e morais, construídas a partir de nossas vivências, relação com o meio onde estamos inseridos as quais permeiam nossas ações. Somos multidependentes, produtos de uma interação calcificada e intensa com a sociedade e as decisões tomadas individualmente afetam o coletivo, ou seja, o resultado das ações de uma pessoa influencia e interfere, de forma positiva ou negativa, no modo de vida daqueles que participam do seu ciclo de convivência. Direta ou indiretamente dependemos dos outros, por vezes para nos apoiar e outras para servir de comparação.
O homem não está solto no universo, cada um de nós está inserido em um contexto de realidade que, dentre tantos outros fatores, devem ser considerados ao pensarmos em Opinião Pública. [...]
*Trecho de um artigo que fiz pra disciplina "Teorias da Opinião Pública"
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