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sábado, 16 de outubro de 2010

Como assim, mundo sem fronteiras?

“Viver sem fronteiras" é algo que certamente encanta as pessoas e esta possibilidade é diariamente veiculada na mídia através das inúmeras propagandas acerca de produtos dotados de tecnologias avançadas, invenções capazes de nos levar a um livre e imediato acesso à informação. Pode-se saber sobre o que ocorre em todo o mundo em uma fração de segundos. “Muros caíram”.
Foram grandes os benefícios vindos junto da evolução tecnológica, porém é crescente a desvalorização de muitas regras necessárias para o bom convívio entre todos. O resultado disso é a inversão de valores morais e éticos promovida pela presença abusiva da mídia que, infelizmente, tem prevalecido sobre os velhos e sábios ensinamentos. Embora o ser humano tenha o livre arbítrio, limites são precisos.
Enquanto muitos escolhem permanecer passivos diante os absurdos produzidos por aqueles que cultuam a liberdade exagerada e descabida, o jornal Zero Hora publica, no dia 1º de maio de 2008, “Um mundo sem fronteiras”, de Martha Medeiros, uma verdadeira denuncia à ausência de limites que vêm se tornando uma das grandes patologias da sociedade. Que atitude louvável a desta cronista!
De forma irônica e com um sarcasmo único, a autora expõe as conseqüências de vivermos “sem fronteiras” bem como os resultados obtidos a partir de uma liberdade fajuta moldada conforme os padrões da mídia, iludindo os indivíduos fazendo-os pensar que cada um pode fazer o que quiser; situações que deturpam a sociedade fazendo-a assumir um caráter caótico por supervalorizar o ato de transgredir.
Em sua abordagem, Martha faz uma crítica à tendência de mascarar sentimentos e expor os demais utilizando as ferramentas da internet e menciona, ainda, a corrida desenfreada em busca de um corpo perfeito, o que faz com que tantos sintam-se submetidos a “injetar toxinas” em prol de uma beleza inatingível. Conforme Martha, a liberdade apresentada é uma ilusão que faz com o que as pessoas sintam-se impulsionadas a agir sem pensar.
Martha escreve como quem tira as vendas dos olhos alheios e, fazendo um paralelo entre os anos passados e os atuais, faz referência às drásticas mudanças sócio-comportamentais que transformaram o mundo em uma espécie de “supermercado” livre, onde tudo está à disposição para compra, onde não há censura nem tão pouco análise entre certo ou errado e, além disso, confunde-se a liberdade que temos de nos expressar com a falta de educação.
Como na maioria de seus textos, esta porto-alegrense, uma das maiores cronistas do Brasil, traz uma forte crítica ao comportamento assumido pelos indivíduos. É inevitável ler sua obra e não realizar uma análise interna. Certamente, mediante os apontamentos de Martha Medeiros, muitos leitores desejarão reconstruir alguns muros outrora derrubados, afinal os limites são a garantia do bom andamento da sociedade, do respeito entre os cidadãos. Vale perguntar-se: até que ponto é válido viver em um mundo sem fronteiras?
By Andréia Jociane Pinheiro

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